sábado, 28 de junho de 2014

Os Três Amores - Castro Alves


I



Minh’alma é como a fronte sonhadora

Do louco bardo, que Ferrara chora...
Sou Tasso!... a primavera de teus risos
  De minha vida as solidões enflora...
  Longe de ti eu bebo os teus perfumes,
  Sigo na terra de teu passo os lumes...
- Tu és Eleonora...

II

Meu coração desmaia pensativo,
Cismando em tua rosa predileta.
Sou teu pálido amante vaporoso,
Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!...
Sonho-te às vezes virgem... seminua...
Roubo-te um casto beijo à luz da lua...
-  E tu és Julieta...

III

Na volúpia das noites andaluzas
O sangue ardente em minhas veias rola...
Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,
Vós conheceis-me os trenos na viola!
  Sobre o leito do amor teu seio brilha
  Eu morro, se desfaço-te a mantilha
Tu és - Júlia, a Espanhola!...

Recife, Setembro de 1866





Nenhum comentário:

Postar um comentário