quarta-feira, 9 de julho de 2014

Não penses meu amor… - Alexander Pushkin

Não penses, meu amor, que no meu seio guardo
O tumultuar do sangue, o frenesi de que ardo,
os uivos dela, os gritos de bacante em cio,
quando, como uma cobra, sob mim se torce,
e em beijos que remordem e na carícia urgente
vem o estertor final da consumada posse.
Mais doce és tu, amor, tão sossegada e calma —
pelo prazer dorido com que eu sou todo alma
quando, após longamente suplicar-te ansioso,
com pudica modéstia cedes ao meu gozo
e a mim te dás enfim, mas desviando o olhar,
aos meus ardor's tão fria e sem me ouvir's falar,
mas despertando… ah quão tu devagar despertas…
até que, a contragosto, o meu prazer é o teu.

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